sexta-feira, 29 de junho de 2012

A polêmica cobrança de royalties sobre o uso de sementes


“Da semente ao supermercado” é o título de um dos capítulos do polêmico filme Foods Inc., de Robert Kenner, que aborda os oligopólios que controlam toda a cadeia produtiva e comercial do setor de alimentos nos Estados Unidos e no mundo.
O filme trata de uma maneira dramatizada a questão da patente de sementes de soja geneticamente modificadas, detidas pela empresa Monsanto Technology LLC, conhecida como “soja RR” ou Round-up Ready.
Depoimentos de agricultores americanos, no filme, alegam que a soja transgênica se reproduziria mais facilmente do que as naturais, de modo que as plantações de transgênico, com o passar do tempo, “contaminariam” as plantações naturais, e nesta ocasião a Monsanto cobra aos cultivadores que paguem royalties pela utilização de sua patente.
O que se afirma é que ou o agricultor se rende e compra as sementes transgênicas, pagando osroyalties cobrados pela utilização da patente, ou terá sua plantação contaminada e será no futuro igualmente cobrado pelo uso da patente. Nessa segunda alternativa, entretanto, o agricultor seria também acusado de quebrar as patentes da empresa, pois estaria utilizando as sementes modificadas sem autorização.
Ficção ou não, esta questão agora está em destaque também no Brasil, havendo na Justiça brasileira alguns processos que versam sobre a legalidade das patentes destas sementes e da possibilidade de cobrança de royalties pela Monsanto.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu no último dia 12 que um único processo sobre a matéria, em andamento na Justiça do Rio Grande do Sul, terá julgamento de abrangência nacional. Ou seja, os efeitos desta decisão serão aplicáveis para todos os agricultores de soja do Brasil que enfrentem a situação.
A decisão ao mesmo tempo em que acerta ao garantir segurança jurídica, por outro lado, eleva a importância deste processo, tornando-o alvo definitivo de poderosos interesses, tendo a coluna de notícias do STJ anunciado que os valores envolvidos chegariam a R$ 15 bilhões.
Isto porque se a ação tiver sucesso a Monsanto deverá devolver todos os valores que recebeu dos agricultores, o que vem ocorrendo desde 2003, quando liberada a produção de transgênicos no Brasil. Os royalties cobrados, vale registrar, são da ordem de 2% da comercialização dos grãos produzidos com as sementes transgênicas.
O processo em questão é uma ação coletiva proposta por dois sindicatos rurais do Rio Grande do Sul, mas existem também outros processos individuais de produtores que resolveram entrar com a ação isoladamente, inclusive em outros estados. Enquanto não há definição, diferentes decisões de caráter liminar autorizam ou não aos produtores de todo país que deixem de pagar os royaltiescobrados pela Monsanto.
No centro da questão social envolvida está o direito de alguns poucos patentearem a vida, algo que para muitos seria até ofensa religiosa. Já que diz respeito aos aspectos econômicos, estão em jogo montantes bilionários, que na atualidade deixam os bolsos brasileiros e vão direto para os cofres de multinacionais, mas que no futuro podem inverter o sentido, tendo em vista o interesse nacional em desenvolver a área.

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5 dicas para otimizar as reuniões na empresa

Reuniões longas e ineficientes continuam sendo desafios enfrentados por empresas de qualquer tamanho e segmento, em qualquer parte. O mundo corporativo criou péssimos hábitos na condução e realização de reuniões. Não há cumprimento de horários, as pessoas são chamadas de última hora, muitas vezes desconhecem o real propósito da reunião, a condução é cheia de conversas paralelas e fica difícil manter o foco.

Reuniões sem foco levam a equipe a perder tempo, a falhar na execução de suas prioridades e a reclamar da falta de tempo para fazer o que realmente precisa. Tenho sido muito questionado nos últimos tempos sobre como é possível reduzir o número de reuniões e aumentar a produtividade das mesmas.
Por esse motivo, organizei algumas dicas úteis e rápidas para otimizar as reuniões. Confira abaixo:
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Imagem: Thinkstock

Tenha o objetivo e pauta visíveis

Defina o que deve ser alcançado quando a reunião terminar (objetivo) e os itens que ajudarão a tornar isso possível (pauta). Envie aos participantes na convocação e durante a reunião mantenha visível a todo o momento.

Use um cronômetro

Nos principais comércios populares existem cronômetros de até 2h por menos de R$ 30! Controlar o tempo é dever de todos na reunião, quando o tempo fica visível é mais fácil de conseguir manter o controle do tempo.

Conduza a reunião

Escolha uma pessoa para conduzir a reunião, de forma que organize a conversa, as ideias, registre as ações posteriores e corte conversas paralelas.

Não trabalhe na reunião

Se não for uma reunião aonde algum trabalho deva ser feito, mas apenas discutido, não caia no erro de agir durante a reunião, além de tomar tempo acaba perdendo o foco da discussão.

Envie um e-mail de fechamento

Ao terminar a reunião envie um e-mail aos participantes agradecendo a presença e pontuando as principais ideias e ações definidas.
Uma reunião produtiva costuma ser rápida, ter um objetivo a ser alcançado e gerar algum tipo de ação futura.

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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Jurídico e RH devem estar em sintonia nas empresas


Na história política e econômica brasileira, temos visto nos últimos anos casos de empresas aparentemente sólidas que, de um momento para outro, caem na malha fina da Justiça e da imprensa como devedoras de altos passivos trabalhistas, ocasionando sérios danos à imagem do negócio, junto aos acionistas e nas relações com seus empregados. Muitas vezes, nos perguntamos como tais companhias chegaram a esse ponto: instituições financeiras, companhias aéreas, metalúrgicas e empresas jornalísticas que viraram pó da noite para o dia, deixando milhares de trabalhadores à espera de uma decisão dos tribunais trabalhistas.
As principais motivações dos processos vão desde o descumprimento da legislação trabalhista por parte do empregador até o maior e melhor nível de esclarecimento e conhecimento dos seus direitos por parte dos trabalhadores. Passando ainda pela ampliação da competência da Justiça do Trabalho, que a partir da vigência da Emenda Constitucional 45, desde 8 de dezembro de 2004, estendeu essa competência para todas as relações de trabalho, o que antes era limitado aos litígios entre trabalhadores e empregadores. Assim, todos os litígios oriundos da relação de trabalho passaram a ser de competência dessa Justiça especializada, inclusive danos morais, materiais, execução de contribuições previdenciárias e fiscais.
Evitar que se chegue a essa triste realidade é tarefa que hoje cabe a toda organização. E um passo importante para que isso ocorra é a perfeita integração e sintonia entre os departamentos jurídicos e de recursos humanos. Juntos, os dois setores podem montar um planejamento preventivo para evitar que a empresa fique vulnerável à fiscalização ou a uma avalanche de processos trabalhistas. Quando o conflito já está instalado através do processo judicial, essa integração é tão necessária quanto antes, pois os fatos e documentos devem ser todos apresentados ao advogado para que o mesmo possa montar uma defesa consistente. Nesse momento, o preposto deve ser definido dentre os empregados que tenham conhecimento de causa, para não se tornar um simples figurante, já que o seu depoimento poderá se transformar em uma confissão real. É importante que o advogado dê ciência ao preposto dos termos da defesa, já que o seu depoimento pessoal em juízo deverá ter coerência com a mesma, sob pena da defesa escrita dizer uma coisa e o preposto em seu depoimento perante o Juízo seguir na contra mão. Com isso acontecendo, seguramente, quem irá se beneficiar será a parte contrária.
É comum acontecer, quando um empregado é contratado, ser recebido com tapete vermelho; enquanto lhe é estendido um tapete de espinhos no momento da demissão. Para evitar tal erro, o gestor deve ter a preocupação de manter uma relação amistosa com o seu subordinado até mesmo no momento do fim da relação profissional, pois muitas vezes podemos ouvir um empregado dizer que vai entrar com processo na Justiça do Trabalho em razão da forma desrespeitosa como foi tratado pela sua chefia. Em outros casos, também ouvimos o ex-empregado falar que teria razões para entrar com processo contra a empresa, porém, para não prejudicar o seu chefe, que sempre foi muito bom, não tomaria essa iniciativa. Desta forma, podemos afirmar que é possível ter um ambiente profissional e harmonioso, evitando conflitos que possam resultar em processo judicial.
Uma vez instalado o processo, dependerá também de cada caso a forma como será feita uma avaliação prévia dos riscos que aquela ação oferecerá à empresa. Diante disso, poderá se concluir que é melhor a realização de um acordo e o melhor momento para que se possa definir essa negociação, pois se a empresa decidir que fará acordo em todas as audiências iniciais, poderá criar uma cultura perante os empregados de que faz acordo em todos os processos, o que acabará estimulando a entrada de mais ações na Justiça e, talvez, o surgimento de uma indústria de processos trabalhistas. Por isso, considerando que em muitos casos, o ex-empregado entra com processo pleiteando direitos irreais, caberá à empresa diante da consistência de sua defesa buscar todos os recursos objetivando ver declarado pelo Poder Judiciário o que realmente é devido, se for o caso.
Quanto à imagem, pode se dizer que quando a empresa tem firmeza na sua defesa, não deve ter esse tipo de preocupação, pois só ficará com sua imagem abalada quando praticar alguma ilegalidade ou utilizar-se do processo apenas para procrastinar a solução do litígio através de recursos infundados. Isso, na prática, tem sido coibido pelo Poder Judiciário através de multa e indenização, por considerar a empresa litigante de má-fé.
Como já alertamos no início deste artigo, uma empresa que, mesmo que aparentemente sólida, mas que passa a desrespeitar os direitos do empregado de forma sistemática, seguramente terá sua imagem abalada, principalmente porque seus próprios empregados serão os primeiros a difundir essa imagem de desconfiança e insegurança.
A companhia tem sua responsabilidade social e, se pretendemos viver em uma sociedade organizada e democrática, devemos procurar cumprir as normas legais. É preciso também ter melhor critério na escolha dos integrantes do Poder Legislativo, a fim de que não queiram fazer leis de apelo social em que o custo recaia totalmente sobre as empresas. Agora mesmo se discute a flexibilização das leis abrangendo trabalhadores que cumprem jornadas de curta duração como em bares e restaurantes, shows de música e outros, com vistas a legalizar um enorme contingente de trabalhadores que farão serviços temporários durante a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
Pode-se dizer que não é a simples existência de um ou mais processos trabalhistas que irão interferir na imagem da empresa, pois muitas vezes esta tem razão diante da sua prática. Organizações que participam de concorrências públicas ou que pretendem obter empréstimos com recursos do governo, passarão a encontrar dificuldades na medida em que são condenadas por descumprimento de decisões trabalhistas transitadas em julgado e que não quitaram suas dívidas, já que neste início de 2012 começou a vigorar a Lei 12.440/2011, que exige a apresentação da CNDT (Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas). Isso seguramente interferirá na imagem das empresas tanto interna como externamente, bem como no resultado financeiro da sua própria atividade.
Diante da evolução e facilidade na busca de informações, percebe-se que o empregado atualmente está muito mais consciente dos seus direitos, e, portanto, cabe à empresa ter a preocupação de manter uma relação franca com os seus colaboradores. Em um primeiro momento, o empregado pode até se subjulgar a uma ilegalidade, porém, no momento oportuno, principalmente após a relação havida com a empresa, seguramente irá buscar seus direitos. É importante que a organização esteja bem assessorada juridicamente para com isso ter conhecimento dos riscos da sua decisão, até mesmo quando decidir correr o risco, ou seja, buscando ter um controle rígido do seu passivo trabalhista. Finalmente, é fundamental que as relações entre a empresa e seus colaboradores sejam profissionalmente sustentadas em princípios como os da ética, da transparência e da lealdade.

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A importância de se definir o importante


O cenário é bastante comum, para não dizer corriqueiro: o profissional chega ao escritório, liga o computador e abre o programa de e-mails. A enxurrada de correspondências virtuais diárias toma praticamente todo o tempo da manhã, às vezes até o período da tarde. Entre as coisas urgentes e desnecessárias, o que realmente pode fazer a diferença no dia, na semana ou no mês dentro da organização, ou seja, o que é realmente importante, em muitos dos casos acaba por ser relegado para segundo, terceiro ou quarto planos. Mas por quê?
Infelizmente, a maioria dos profissionais – e aqui podemos abordar aqueles de praticamente todas as áreas – e também das pessoas de um modo de geral não adquire o saudável hábito de gerenciar bem o seu tempo e, mais do que isso, as suas escolhas. A pressão por resultados e respostas rápidas e precisas, seja do chefe ou dos clientes, faz com que o urgente se torne cada vez mais na rotina empresarial como prioritário e agente do "bom serviço prestado". Sendo assim, neste sentido é comum que se caia em armadilhas, cedo ou tarde.
Mas em que tipo de armadilhas os profissionais podem cair quando optam por apenas resolver questões urgentes? Acredito que seja algo bem simples e direto de se responder. Trabalhar somente no chamado "piloto automático", uma vez que em grande parte das situações o que é considerado urgente, ou no jargão popular "para ontem", pode ser resolvido sem muito planejamento, estratégia e, mais do que isso, em outro determinado momento do dia que se esteja mais tranquilo.
Sabemos que todos aqueles que trabalham precisam, cada vez mais, ser profissionais multidisciplinares, ou seja, desenvolver a capacidade de realizar inúmeras tarefas praticamente ao mesmo tempo. Como a concorrência no atual mercado de trabalho é acirrada, se faz necessário que todas essas atividades interrelacionadas sejam executadas com o máximo de eficiência possível. Porém, é público e notório que nem sempre conseguimos atingir um nível de excelência, seja para os gestores, para os clientes ou para nós mesmos, dentro de nossa autocrítica.
Neste contexto, realmente é bastante importante traçar metas, objetivos e, acima de tudo, estratégias que consolidem a posição de destaque deste profissional dentro da empresa. No trabalho que realizamos na FranklinCovey, hoje uma das principais consultorias especializadas na melhoria da eficácia corporativa e pessoal em todo o planeta, desenvolvemos o mais recente programa de gerenciamento chamado As 5 Escolhas para uma Produtividade Extraordinária que visa justamente colocar em discussão a questão do bom gerenciamento das escolhas que fazemos no dia a dia.
Dentro destes conceitos, há um tópico inteiro dedicado à importância de se definir as ações mais importantes como diferencial real para o ganho de produtividade dentro da empresa e para a própria satisfação profissional e pessoal. Segundo pesquisa coordenada pela própria FranklinCovey em todo mundo, com 350 mil pessoas em diversos países, constatou-se que 70% de nosso tempo nós usamos para atividades urgentes ou para aquelas que realmente são, de fato, totalmente irrelevantes dentro do contexto corporativo.
Percebe-se, então, que as pessoas têm demonstrado uma disposição maior em trabalhar no "piloto automático" ao invés de dirigirem suas vidas e carreiras em busca da inovação e do extraordinário. Pela minha experiência, uma vez que a cultura inovadora seja permeada no seio empresarial, todos têm a ganhar. Por isso que os cases de maior sucesso recentemente são as startups, um fenômeno corporativo que ganhou o mundo. Ano passado, por exemplo, a brasileira Peixe Urbano (de compras coletivas) foi eleita a melhor startup internacional pelo conceituado The Crunchies Award, uma das mais importantes premiações do setor.
Quando conseguimos um tempo para a inovação dentro do ambiente de trabalho, fazemos um exercício de comprometimento com a empresa. Neste caminho, se faz extremamente necessário aumentar, gradativamente, o percentual de 30% (segundo a pesquisa da FranklinCovey) dedicado a buscar ideias que realmente possam revolucionar ou, em termos mais diretos, causam impacto dentro da companhia. Porém, como fazemos isso sem que a rotina do expediente seja comprometida? Talvez uma palavra explique muito bem toda esta questão: disciplina. Precisamos saber dosar nosso tempo e nossas escolhas em prol daquilo que, no final das contas, nos trará satisfação pessoal e profissional.
Porque toda e qualquer pessoa sabe que quando uma ideia própria é colocada em prática e os resultados desta ação começam a aparecer, seja na forma de indicadores de performances nas organizações ou mesmo na satisfação de outras pessoas que "compraram a sugestão", o prazer de quem confabulou a estratégia é inigualável. Gosto muito, para explicitar, da frase do escritor inglês William Shakespeare, que diz: as ideias das pessoas são pedaços da sua felicidade. Independentemente se for uma grande inovação ou uma mudança sutil em um procedimento, por exemplo, é necessário que a ideia seja expressa. Guardar para si pode fazer a empresa perder ganhos e você se sentir frustrado.
Nunca que o velho e batido ditado "separar o joio do trigo" foi tão bem empregado. Tirar uns minutinhos do dia para trocar ideias com seus colegas de trabalho – sem a rigidez de uma reunião clássica – é tão, ou até mais, importante do que responder aquele e-mail que pode ser respondido umas duas horas depois, por exemplo. E criar na empresa a cultura do brainstorm diário ou semanal é uma das alternativas mais viáveis, onde gestores podem sentir a necessidade de seus colaboradores e, juntos, buscarem as melhores soluções.
Por fim, termino com uma grande citação do genial cientista alemão Albert Einstein que afirmava que a mente que se abre para cada ideia nova jamais voltará a seu tamanho original. Mais do que nunca as boas ideias são fundamentais para que se obtenha sucesso profissional e maior contentamento pessoal. Aqueles que mantêm a mente focada na inovação, na busca pelo extraordinário, trazem para si um ganho inestimável. Mirem-se nos exemplos das pessoas que, de uma ideia simples, conquistaram o mundo!

Paulo Kretly
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quarta-feira, 27 de junho de 2012

5 lições preciosas da Rio+20 para empresários

Rio de Janeiro - O que acontece quando se coloca sob um mesmo teto executivos de corporações globais, como Microsoft, Google, Volkswagen, Coca-Cola e Unilever - entre centenas de outros representantes de empresas de peso de todo o mundo - para discutir Sustentabilidade? Acrescente à fórmula, entidades não-governamentais de renome como WWF e Oxfam, mais algumas dezenas de dirigentes públicos e importantes instituições, como a Fundação Getúlio Vargas e a iniciativa CDP (Carbon Disclousure Program), e ainda pesquisadores de universidades de excelência a exemplo de Columbia e Cornell.
Essa era a cara multifacetada do Fórum de Sustentabilidade Corporativa, um evento paralelo à Rio+20 que terminou ontem na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Organizado pelo Global Compact - uma iniciativa da ONU em parceria com o setor privado para disseminar práticas de reponsabilidade socioambiental dentro das empresas - o encontro de quatro dias traçou algumas tendências que já norteiam as principais lideranças empresariais globais e outras que precisam ser reforçadas. As empresas do Global Compact também lançaram um documento com 200 iniciativas voluntárias para reduzir ou neutralizar as emissões de gases causadores do efeito estufa nos próximos anos.
Sustentabilidade na Cadeia de Fornecimento
O flagrante de trabalho escravo num dos fornecedores da gigante do varejo de moda Zara, em agosto do ano passado, colocou um refletor sobre a necessidade das empresas desenvolverem mecanismos mais apurados para checar e garantir a sustentabilidade em sua cadeia de fornecedores. Hoje, gerenciar os impactos sociais, ambientais e econômicos desses stakeholders é um componente chave para o desenvolvimento sustentável, e um meio das empresas darem mais um passo - um senhor passo, deve-se dizer - no caminho da produção verde.
Ao serem cultivadas em escala em complexidade cada vez maiores, as cadeias de fornecimento representam desafios para a gestão e também oportunidades significativas para as empresas, principalmente no que diz respeito à promoção dos direitos humanos, melhoria nas condições de trabalho, proteção ao meio ambiente e aumento dos esforços anti-corrupção. Para ajudar as empesas a mapear suas estratégias na área, o Global Compact, a BSR e a consultoria britânica Maplecroft lançaram uma ferramenta que ajudará as empresas a rapidamente verificar a estratégia de sustentabilidade da cadeia de abastecimento, com um conjunto de orientações detalhadas, e identificar pontos fortes e áreas que necessitam de melhoria.
Relatórios de Sustentabilidade
Publicar relatórios de sustentabilidade é uma das formas mais eficazes e transparentes de mostrar o quanto sua empresa está empenhada em mudar a forma de fazer negócios e prestar contas com a sociedade e o mercado a respeito de suas práticas socioambientais. Mas ainda é preciso maior adesão. No Brasil, por exemplo, segundo uma nova pesquisa da BM&FBOVESPA apresentada durante a Rio + 20, de um total de 448 empresas de capital aberto analisadas, só 21 % publicam relatórios de sustentabilidade ou similares; 107 não publicam, mas explicaram por que não o fazem (23,88%) e 245 não se manifestaram (54,69%).
Outra tendência emergente nos negócios é a integração dos relatórios empresariais, que junta as informações financeiras da companhia com dados socioambientais e de governança corporativa. O formato chamado GRI (Global Reporting Initiative) é capitaneado por um grupo com sede na Europa, o Comitê Internacional para Relatórios Integrados, ou IIRC na sigla em inglês. General Motors, Accenture, Santander e Natura são algumas das empresas que seguem as diretrizes da GRI.
Valorizando o Capital Natural

A preservação do capital natural virou regra nas empresas ecologicamente responsáveis, que já começam a contabilizar o uso que fazem dos recursos da natureza. Um reflexo de uma ideia que veio de vinte anos atrás, surgida na ECO-92, que enfocou a importância do ambiente natural e as prestações de serviços, o capital natural, para sustentar a existência humana. O assunto ganhou corpo e angariou apoio forte no meio empresarial nos últimos anos.
Prova disso foi o anúncio no Fórum feito por CEOs de 37 bancos, fundos de investimentos e companhias de seguro, de um compromisso para integrar considerações sobre capital natural nos seus produtos e serviços. “Tomar o capital dentro do resultado final é trazer a riqueza real do planeta do espectro invisível para o visível, a fim de pender a balança da degradação em direção ao gerenciamento de comunidades, empresas e países”, disse na ocasião do lançamento do Natural Capital Declaration o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente, Achim Steiner.
Uso responsável de água
Cerca de 800 milhões de pessoas no mundo sofrem com falta de acesso à água potável, e 2,5 bilhões carecem de saneamento básico. Devido ao crescimento populacional, a urbanização e as tendências de industrialização e as mudanças climáticas, a ONU estima que dois terços da humanidade viverão em regiões com carência de água em 2025. Diante de um cenário como este, não dá para as empresas fecharem os olhos para usos irresponsáveis deste precioso recurso em suas operações.
Um grupo de 45 diretores executivos, representando uma gama diversificada de empresas e regiões a nível mundial, anunciou duarnte o encontro do Global Compact um importante compromisso corporativo para promover práticas de gestão da água e pediu aos governos presentes à Rio +20 para tornar a segurança de água prioridade global. Segundo os empresários, é preciso avançar na definição de metas de eficiência no uso de água nas operações de fábricas, trabalhar com os fornecedores para melhorar a gestão desse recurso e agir em conjunto com governos, ONGs, investidores e outras partes interessadas em projetos e soluções para ajudar a combater a crise de água mundial.
Inovação verde
Conhecimento e inovação serão os principais fatores da sustentabilidade social e corporativa nos próximos anos. Tecnologias mais limpas e eficientes podem ajudar a reduzir o impacto ambiental das empresas e ainda gerar ganhos financeiros. Para se ter uma ideia, com seu plano de sustentabilidade, a Unilever chega a economizar 10 milhões de dólares todos os anos. E o planeta, claro, também se beneficia. A sua fórmula para lavar roupas “com apenas um enxágue” economiza em média 30 litros por lavagem e já é usada em 12,5 milhões de lares no mundo inteiro. Já a a General Motors economizou mais de US$ 30 milhões em 6 anos com seu programa de produtividade dos recursos, que também reduziu o volume de resíduos em 40%.
Mas, enfatizam os executivos, a inovação sustentável requer que a empresa nutria uma cultura inovadora de inspiração para permitir que os empregados tenham liberdade de desenvolver ideias e possam participar do processo da sustentabilidade. Todos também concordam que as empresas que investem em inovação sustentável para aumentar a eficiência, muitas vezes adiantando-se a marcos regulatórios, acabam por obter vantagem competitiva para conquistar novos mercados na próxima década.

Por Vanessa Barbosa
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Você tem a Síndrome da Gabriela?

Estreou há poucos dias o remake da novela Gabriela. A adaptação da obra homônima do escritor Jorge Amado fez sucesso na TV em 1975, com Sônia Braga no papel da morena sertaneja que tem cheiro de cravo e cor de canela. Apesar de ser uma obra de ficção, a novela traz algumas lições para o mundo corporativo. A música da personagem, cantada por Gal Gosta, por exemplo, diz: "eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim...Gabriela...sempre Gabriela".

O mercado de trabalho está cheio de profissionais com a síndrome da Gabriela. São aquelas pessoas que, mesmo qualificadas tecnicamente, se recusam a mudar por acreditarem que as coisas devem ser feitas do seu jeito. Não querem experimentar novos caminhos e, em consequência, continuam colhendo sempre os mesmos resultados.
Em minha longa experiência como gestor já ouvi muitas frases como "vamos fazer assim, pois sempre fizemos dessa maneira", ou "sei que isto é bom, mas prefiro fazer do meu jeito", ou ainda "eu sinto muito, mas sou assim". Com esse discurso, muitos profissionais com potencial ficam estacionados no tempo. E o pior: acreditam que estão fazendo a coisa certa.
Quem tem esse comportamento prejudica não só a si mesmo, mas toda a empresa. Afinal de contas, não é possível crescer e alcançar metas realizando procedimentos que já não são satisfatórios. Para crescer é preciso mudar, é necessário estar antenado com as mudanças socioeconômicas que ocorrem no mundo e na sociedade.
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Imagem: Divulgação/TV Globo

O processo de mudança nem sempre é fácil: exige trabalho, planejamento força de vontade. Por isso, muitos preferem continuar fazendo as mesmas coisas no trabalho e na vida pessoal, perdendo a oportunidade de conhecer novos caminhos, amadurecer e descobrir outras possibilidades. Mas, afinal, por que as pessoas não querem mudar?
Uns têm medo: medo de não dar certo, medo de errar, medo de críticas. Outros continuam fazendo as mesmas coisas por interesse político. Quantos gestores públicos continuam perpetuando formas ineficientes e ineficazes de gerir a coisa pública pensando nas próximas eleições? Esse ainda é um grande gargalo que o país precisa enfrentar, mas antes disso é preciso vontade para mudar.
Não importa a razão que levam muitos profissionais a pensarem que agindo assim terão sucesso. O fato é que o mundo está em constante transformação e só vão se sobressair aquelas pessoas mais ágeis, mais rápidas, mais dinâmicas e assertivas.
Caso você esteja com a síndrome da Gabriela, cuidado. Aproveite para repensar suas atitudes e comece a mudar sua postura. Se você conhece alguma "Gabriela" no seu trabalho, convide-a a olhar a vida com outros olhos, já que esse comportamento pode ser um indício de baixa autoestima.
Deixe o encanto da Gabriela apenas na novela e na obra do brilhante Jorge Amado. Quem quer ser "sempre assim" só vai encontrar estagnação, retrocesso, sofrimento. Em nossa vida profissional, vamos dar lugar à transformação e ao empreendedorismo. E empreendedor de verdade não tem medo da mudança: arrisca-se, enxerga mais que muitos, motiva os colegas de trabalho, tem entusiasmo, quer evoluir e vai além, muito além.

Por Sebastião Luiz de Mello
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terça-feira, 26 de junho de 2012

A tecnoangústia do quanto é necessário saber

Uma das avaliações que em muitas circunstâncias torna-se provocativa ao longo da vida é o quanto podemos - e devemos - saber. Com o crescimento da velocidade dos meios que nos dão acesso às informações foi criada inclusive uma expressão para caracterizar este sintoma. Ela se tornou conhecida como a 'tecnoangústia'.

O excesso de informação provoca a angústia típica dos tempos atuais e leva à conclusão de que, às vezes, saber demais é um problema.
Como curiosidade vale registrar que uma edição de fim de semana do jornal "New York Times" contém mais informação do que uma pessoa comum poderia receber durante toda a vida na Inglaterra do século XVII. Todos os anos são produzidos 1,5 bilhão de gigabytes em informação impressa, filmes ou arquivos magnéticos. Atualmente existem mais de 2 bilhões de paginas disponíveis na Internet. Até o início dos anos 90 a televisão brasileira tinha menos de dez canais. Hoje há mais de 100 emissoras no ar, em diversas línguas, com especialidades diferentes.
Por trás desses elementos, há um fenômeno mais geral. Países, empresas, escolas, famílias estão se rearticulando em outros modelos numa velocidade nunca vista. Mudar é um inferno para a maioria das pessoas. Mais infernal ainda é a sensação de que o mundo está girando a muitas rotações a mais do que nós mesmos.
Segundo o escritor americano Wayne Luke "o mal estar de nosso tempo é a inadequação, o sentimento opressivo de que as outras pessoas estão fazendo as coisas certas, lendo os livros que contam e usando os computadores e programas mais modernos enquanto nós estamos ficando para trás na carreira ou nos relacionamentos".
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Imagem: Thinkstock

Aos 65 anos, o americano Richard Saul Wurman – que é arquiteto por formação, construiu prédios, foi empresário, organizou eventos e durante muitos anos foi cartógrafo, mas considera que só atingiu o sucesso quando resolveu criar sua própria profissão, a de arquiteto da informação. Desde então escreveu mais de 75 livros sobre os mais variados assuntos, de medicina a mercado financeiro, sobre animais de estimação e turismo.
Diz ele que seu segredo é não saber absolutamente nada sobre o tema sobre o qual vai escrever. Assim, tudo que descobre é o que interessa à maioria das pessoas.
Para ele, "num mundo em que as pessoas são cercadas de informações por todos os lados, não saber nada sobre certos assuntos pode ser tão importante para a saúde mental quanto o silêncio o é para a música".
Mas não são apenas as pessoas que nunca usaram um computador que podem ficar ansiosas com os efeitos das mudanças tecnológicas. As notícias frequentes sobre os incríveis avanços da tecnologia provocam ansiedade entre todos nós.
Em certas áreas, os conhecimentos de uma pessoa podem ficar ultrapassados em seis meses. E um dos setores mais atingidos por estes avanços tecnológicos é o da própria tecnologia. Este setor não apenas usa tecnologias para desenvolver produtos e serviços, mas também investe pesadamente em pesquisa e desenvolvimento. O aspecto mais difícil da 'tecnoangústia' consiste em aceitar o fato de que precisamos mudar. Depois disso, será preciso encontrar maneiras de superar os medos que nos impedem de realizar as mudanças que nos permitirão ter êxito com a tecnologia – e não apesar dela.
Segundo os estudiosos do tema esta não é a primeira vez que o mundo vira de cabeça para baixo como resultado dos avanços tecnológicos. A transição da sociedade agrícola para a sociedade industrial, no início do século XIX, resultou em avanços tecnológicos. Um exame das cartas, diários íntimos e jornais, escritos e publicados na época, mostra que, a cada onda de mudanças, as pessoas ficavam mais e mais ansiosas.
Primeiro, houve o êxodo rural com a entrada das novas tecnologias no campo, pois estas reduziam a necessidade de mão-de-obra agrícola. O trabalho nas fazendas foi desaparecendo à medida que novas indústrias, como a têxtil, criavam empregos nas cidades.
Posteriormente alguns empregos urbanos também iam desaparecendo na medida em que as novas indústrias criadas pela tecnologia descobriam maneiras novas e mais eficientes de produzir bens.
Mas hoje, ao analisarmos o resultado final – que é a melhoria do padrão de vida dos países industrializados – dificilmente poderíamos dar total razão àqueles que eram contra as mudanças tecnológicas.
Caso este tema lhe provoque interesse, examine e reflita sobre as questões abaixo, elaboradas como sintomas típicos de quem está sofrendo a angústia da informação, extraídas do livro "Ansiedade da Informação", de Richard Wurmann:
1 - Por mais esforço que faça, não consegue sentir-se atualizado com o mundo a sua volta.
2 - Sente-se culpado cada vez que olha para a pilha de jornais, revistas e o volume de e-mails recebidos que não conseguiu ler.
3 - Fica abatido quando uma pesquisa na internet resulta num documento de dezenas de páginas, pois acredita que, se não ler todas elas, não saberá tudo o que deve sobre o assunto.
4 - Acena afirmativamente, sem convicção, sempre que alguém menciona um livro, um filme ou uma notícia que você, na verdade, nunca ouviu falar.
5 - Acha que o problema é seu e não do fabricante quando percebe que não consegue seguir as instruções para montar um aparelho que comprou.
6 - Cerca-se de aparelhos digitais na esperança de que a simples presença deles a sua volta ajude a torná-lo uma pessoa mais adaptada à alta tecnologia.
7 - Sente-se envergonhado quando tem de dizer "Não sei", mesmo que a pergunta se refira à sucessão no Nepal ou ao novo programa de correio eletrônico da Microsoft.
Enfim, aqui estão mais algumas reflexões sobre um dos fatores que pode aumentar a ansiedade e estresse das pessoas. Pense, reflita e analise. Caso algumas destas questões possam ter utilidade, não se constranja em usá-las.

Por Renato Bernhoeft
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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Brasil é apontado como o segundo maior mercado de franquias

O Brasil é o segundo país em número de franqueadores, com 2.226 marcas. O mercado nacional de franquias é maior que o dos Estados Unidos, que tem 1,5 mil marcas. Os dados constam de um estudo da Rizzo Franchise, empresa especializada no mercado de franquias, com base em levantamento realizado em 2010.
Com relação ao número de empresas franqueadas, o Brasil cai para a quarta posição, com 160.272 registros, atrás da China (200.000), Japão (235.000) e Estados Unidos (784.802).
Segundo a Associação Brasileira de Franchising, ABF, O Boticário é a maior rede do setor, com 3.337 lojas, seguida da Colchões Ortobom, que tem mais de 1,7 mil unidades e do Kumon Instituto de Educação, com mais de 1,5 mil escolas. O Sudeste é a região que mais concentra franquias, com 70,5% das marcas. Em seguida, aparece o Sul (17,3%) e o Nordeste (7,7%). O Centro-Oeste tem apenas 3,6% das marcas e o Norte 0,8%. São Paulo (51,1%), Rio de Janeiro (12,7%) e Paraná (8,2%) são os três estados com maior número de sedes de franquias.
O levantamento aponta Goiânia e Anápolis como as melhores cidades de Goiás para se investir em uma franquia. Em Goiânia, indica a pesquisa, os melhores setores são, pela ordem, Automotivo, Hotelaria e Turismo, Educação e Treinamento, Saúde e Beleza, Construção, Vestuário e Acessórios, Livrarias, Alimentação, e Infantil. Já em Anápolis são citados Educação e Treinamento, Automotivo, Construção e Mobiliário, Infantil, Alimentação, Saúde e Beleza, Hotelaria e Turismo, Vestuário e Acessórios, e Livrarias. 

Por Wilson Lopes , Agência Sebrae 
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Operação Maré Vermelha é uma retaliação a importadores

Como é de sabença geral, a tão falada “Operação Maré Vermelha” teve início em 19 de março do ano corrente, e, conforme informação publicada no sítio eletrônico da Receita Federal, seu objetivo é “aumentar o rigor nas operações de comércio exterior em razão do volume crescente de importações e o consequente aumento do crescimento do comércio desleal, que inclui a prática de fraudes como o subfaturamento, a triangulação e a utilização de falsa classificação fiscal que resultam em situações predatórias ao setor produtivo nacional”[1].
Embora louvável seja o objetivo manifestado, isso nunca passou de mero dever do Estado, pois sempre se pressupôs que estivesse sendo cumprido pelos órgãos de fiscalização.
Ocorre que a festejada operação tem trazido efeitos perversos para diversos importadores, pois vem gerando no imaginário institucional (inclusive em membros do Poder Judiciário e do Ministério Público) uma presunção de que qualquer retenção de mercadorias, ou parametrização em canais vermelho e cinza, representa proteção contra um dano iminente para o mercado interno e aos cofres públicos. Isso mesmo em relação àqueles importadores habituais, que mais de anos realizam e literalmente vivem das importações.
Conforme já colocado por Raul Haidar, em artigo publicado na ConJur[2], a ineficiência da Receita levará empresários à bancarrota, e “já há vários casos de pequenas empresas de importação que estão suspendendo suas atividades ou mesmo encerrando-as definitivamente”[3].
Fato é que a chamada “Operação Maré Vermelha” se trata de uma retaliação política a importadores, sem qualquer fundamento jurídico. É um “nada jurídico”, vez que a restrição de direitos, como sabemos, só é legítima quando única e exclusivamente criada por lei.
Ora, se a Receita não fiscalizou rigorosamente as operações de comércio exterior antes de instaurar a referida operação, o cidadão-contribuinte nada pode fazer, menos ainda arcar com a demora — e consequentemente prejuízos — causada pelas inéditas exigências realizadas nos processos de importação.
Tudo fruto da malfadada operação.
É que no afã de querer encontrar fraudadores —do mesmo modo como as autoridades policiais tentam “encontrar” criminosos —, a Receita Federal tem instaurado procedimentos especiais de fiscalização sem um único indício de materialidade e autoria das suspeitas investigadas. É assim: a fiscalização simplesmente espera meses para avaliar se os documentos de importação estão de acordo com a legislação (checando pagamento de tributos, classificação fiscal etc.) e, depois, instaura de chofre o referido procedimento dizendo qualquer coisa sobre qualquer coisa, acusando o contribuinte.
Com o poder em mãos, e albergada pela (questionável) presunção de legalidade e veracidade dos atos administrativos, a administração pública confortavelmente vem alegando suspeitas de subfaturamento, interposição fraudulenta de terceiros, falsidade material, etc., a qualquer caso de importação. Basta achar que tais hipóteses existem que as autoridades fiscais se autorizam a reter as mercadorias do contribuinte. E o efeito perverso dessa dura realidade é que em ações judiciais do importador, mais especificamente no Mandado de Segurança, a autoridade se vale outra vez da presunção juris tantum de veracidade, sendo vista como se imparcial fosse.
Mas não deve ser assim.
É que, seguindo o alerta de Lenio Luiz Streck, “não se pode dizer qualquer coisa sobre qualquer coisa e depois buscar a justificativa”[4]. É isso que a Receita está fazendo.
Nesse cenário, a análise das informações prestadas em Mandado de Segurança, e das acusações feitas em procedimentos de fiscalização, deve ser deveras criteriosa, especialmente porque nessas situações (de importação) a Receita Federal enfatizou claramente seu interesse em obstar/dificultar as operações de comércio exterior, sob o subterfúgio de estar em defesa do mercado doméstico.
Como já consignado na ConJur, pelos advogados Alan Adualdo Peretti de Araujo e Luiz Roberto Peroba Barbosa[5], o juiz “deve sopesar parcialidade da autoridade coatora”, pois não raras vezes ela apresenta informações “defendendo o ato coator como se parte fosse, o que é prática ilegal e que fica ainda mais evidente quando é feita construção jurídica e até mesmo distorção dos fatos, visando validar o ato objeto da impetração”[6].
Assim, embora louvável a tentativa da Receita de punir fraudadores, isso não pode se materializar a qualquer custo, em violação aos direitos fundamentais.
Nesse sentido, a aplicação do princípio da presunção de inocência do Direito Penal é medida que se impõe, o qual, mutatis mutandis, deve preponderar sobre qualquer suspeita, notadamente quando o contribuinte-importador (i) apresenta regularidade em suas importações (histórico de atividade) e (ii) demonstra ter renda disponível para operar (decorrente de empréstimos bancários ou não). Quanto mais se presume a inocência do contribuinte se ele apresenta certidão negativa referente aos tributos federais.
Aqui, na colisão de princípios, onde, de um lado, está o da supremacia do interesse público sobre o particular, e, de outro, o da presunção de inocência, prepondera-se o último, mesmo porque a atividade do importador, ao fim e ao cabo, também é de interesse à coletividade, conquanto gerador de empregos e rendas. Isso fica mais claro ainda quando a presunção de inocência é fomentada por provas de que o contribuinte é importador habitual. Muito embora, vale frisar, o ônus probatório é sempre de quem acusa, e não o inverso.
A solução pela preponderância da presunção de inocência não vem do acaso. É que a Constituição Federal assegura ser a ordem econômica fundada na livre iniciativa, sujeita à observância do princípio da livre concorrência e do direito à propriedade (art. 170, caput, e II e IV, da CF/88).
Em síntese, a punição deve ser para os verdadeiros fraudadores, observado o princípio do devido processo legal, obviamente. Isso é inquestionável. Jamais, entretanto, a retenção de mercadorias deve se apresentar como sanção antecipada de uma suspeita de que aquele contribuinte estaria infringindo a Lei.
citado por Raul Haidar, há precedentes famosos aplicáveis à situação em comento, em que se consignou não ser razoável “a aplicação da IN 228/02, haja visa a necessidade da presença de indícios robustos e concretos, não bastando a simples suspeita da autoridade fiscal, para se admitir a restrição da atividade econômica da empresa, pela retenção de mercadoria necessária ao seu funcionamento[7].
Nunca se precisou tanto de precedentes como esses, em que acertadamente transferem o ônus da prova ao Fisco, e repele acusações sem indícios robustos e concretos da suspeita alegada.
A conclusão que se chega é de uma necessária cautela na análise de todo e qualquer ato de retenção de mercadorias, e de uma releitura dos princípios que dia-a-dia são usados contra nós mesmos, cidadãos-contribuintes.

Por Eduardo Higashiyama
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A responsabilidade dos avós no sustento dos netos

O sustento dos filhos compete, primariamente, a ambos os genitores, de forma conjunta e na medida da capacidade financeira de cada um. Desse modo, o dever fundamental de sustento recai, em primeiro lugar, nos pais, uma consequência lógica do poder familiar.
Nossa legislação civil, contudo, estabelece que “o direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta dos outros” (artigo 1.696 do Código Civil). Tal dispositivo legal tem gerado muita dúvida acerca da responsabilidade dos avós no pagamento da pensão alimentícia aos seus netos.
O que ocorre é que com base no princípio da solidariedade familiar, os nossos legisladores autorizaram — excepcionalmente — que os netos busquem nos seus avós e bisavós, paternos e maternos, a ajuda financeira possível para satisfação das suas necessidades básicas (alimentação, habitação, vestuário e educação).
Essa autorização, ressalte-se, tem caráter excepcional e é válida apenas na falta ou impossibilidade dos pais, ou seja, somente a ausência comprovada dos genitores (morte, invalidez, incapacidade, doença grave, forte dependência química) ou a miséria econômica desses permite que os netos peçam a pensão alimentícia aos seus avós. A mera inadimplência ou o atraso no pagamento da pensão alimentícia pelos pais não ocasiona, por si só, a convocação dos avós para cumprimento da obrigação alimentar.
Ademais, o auxílio material, eventualmente prestado pelos avós, está limitado ao mínimo necessário à sobrevivência do menor, não se estendendo, em hipótese alguma, ao aproveitamento do padrão social desfrutado por esses. Trata-se de uma obrigação supletiva e complementar, destaque-se, não tem a mesma qualidade dos alimentos devidos pelos genitores.
O papel dos avós é, portanto, bastante claro e visa suprir eventual deficiência dos pais, não podendo ser manipulado de forma a beneficiar ou isentar pais desidiosos e acomodados.
Tendo os pais meios de prover o sustento de seus filhos, os avós estarão inteiramente desobrigados ainda que gozem de condição social mais atraente. Pensar o contrário seria privilegiar a paternidade irresponsável e quiçá comprometer a própria subsistência dos avós.
Na hipótese de ação judicial, os menores deverão exigir os alimentos primeiramente dos seus pais para, somente após a prova conclusiva da incapacidade destes, recorrer aos avós. Nesse caso, o sustento do menor será distribuído proporcionalmente a todos os avós, maternos e paternos, conforme a disponibilidade financeira de cada um. Quem puder contribuir com mais recursos assim o fará e contribuirão em menor proporção aqueles que dispuserem de menores recursos. Quem não pode, não contribui.
Importante destacar, porém, que a pensão alimentícia paga nessas circunstâncias pelos avós não exonerará definitivamente os pais da obrigação de custeio dos seus filhos e poderá ser revista a qualquer momento, com a eventual mudança das condições pessoais e sociais de todos os envolvidos.

Eliette Tranjan 
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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Marketing: mensurar é preciso. Por que você não mensura?

ou direto ao ponto e se você, leitor, ficar apenas com essa única mensagem gravada, já me dou por satisfeito. É o seguinte: de nada adianta um esforço de comunicação de marketing, por menor que seja, se não há um racional bem estruturado de como será efetuada a avaliação de desempenho da ação.

Mensurar se o resultado de uma ação foi atingido ou não é tão importante quanto o processo criativo, a escolha da mídia, a seleção do público-alvo e o alinhamento com a equipe de vendas. No entanto, a grande maioria das empresas, consultorias, agências e profissionais de marketing não coloca a devida importância nessa crucial etapa do processo mercadológico.

Sim, é necessário ter um processo de avaliação bem construído. Mas, oras, pouquíssimas empresas o fazem. Por quê? Podemos listar uma série de hipóteses: não sabem medir, ou medir leva tempo, ou é na mensuração que a habilidade de um profissional é colocada em questão. Não é à toa que na grande maioria das empresas a questão de mensuração e avaliação de retorno de uma ação, seja uma etapa acessória no processo, é do tipo: "Ah, deixe aí no plano, isso é importante, se der a gente avalia o retorno do investimento no final". Durante os mais de 10 anos que atuei exclusivamente no mundo corporativo, mais precisamente na indústria financeira, ouvi essa frase por dezenas de vezes.
Anos atrás fui a uma palestra de Sergio Zyman, o folclórico ex-VP de marketing da Coca-Cola Company, dono do case New Coke na década de 90. Ele ficou durante uma hora e meia na palestra falando sobre a importância do processo de se medir os esforços de marketing. Em alguns momentos ele era enfático: "Não sabe ou não consegue medir uma ação de marketing? Então isso não é marketing".
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Imagem: Thinkstock

Fale-me um livro de marketing que trata dessa importante questão nos primeiros capítulos. Não existe! Esse fato da grande maioria dos autores colocarem essa importante etapa como um dos últimos capítulos dos livros apenas confirma a hipótese de que esse assunto é encarado de forma coadjuvante pelo mercado. É dada uma importância muito maior para etapas como escolha da mídia e processo criativo, por exemplo, e percebe uma abordagem tímida e pouco incisiva no que tange a estratégica importância da avaliação.
Tem que medir. Tem que medir. Tem que medir. Isso é um mantra! E não precisa ser nada super mega científico não. Meça a performance de vendas enquanto evoluem ações de propaganda. Ou então estabeleça grupos de controle no processo de envio de emails marketing. As simple as this! Tem que medir. Tem que medir. Tem que medir. Isso é um mantra! Compre baton!

Marcos Hiller
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O que aconteceu com o seu tempo?

Como você tem aproveitado seu tempo? Segundo a consultoria paulista Tríade do Tempo, que ouviu mais de 15 mil pessoas entre os anos de 2005 e 2007, os brasileiros jogam fora dois terços de seu dia com atividades inúteis e urgentes.
"Vivemos em um mundo extremamente dinâmico e rápido, e por isso temos vários instrumentos que podem nos tirar do foco: a rapidez das informações, as redes sociais", revela a psicóloga Rafaela Duque, do CPPL, que enumera a falta de organização e planejamento entre os principais vilões do tempo produtivo no trabalho.
Além desses, existem outros vilões do cotidiano capazes de roubar minutos preciosos que poderiam ser dedicados a outras atividades. O e-mail, por exemplo, toma uma média de três horas diárias dos brasileiros. Sites de comunidades virtuais, bate-papo e afins também podem se tornar um vício e grandes distrações no trabalho. E até as reuniões profissionais podem agir contra a produtividade caso não tenham planejamento e objetivos definidos, levando à perda de foco.
Para a profissional, a impressão de "tempo perdido" pode gerar uma série de sentimentos na pessoa, da angústia à sensação de insucesso. "É preciso que a pessoa faça uma reflexão sobre os fatores que levaram a não cumprir o planejado, pois o cotidiano e a vida são dinâmicos e estão em eterna mudança", pondera Rafaela. "Com essa reflexão, podemos avaliar o que não deu certo no cumprimento das tarefas e propiciar novas maneiras de pensar e resolver as pendências", completa.

 Imagem: Thinkstock

Para aliviar a pressão do tempo, algumas ideias podem ser colocadas em prática. "Seria interessante adquirir o hábito de ter uma agenda, na qual a pessoa possa fazer um planejamento de seu dia e da semana e eleger seus afazeres. Importante também ter uma lista de prioridades e anotá-las para que não sejam esquecidas", explica Rafaela Duque.

"Caso a pessoa não se adapte ao estilo da agenda, que procure um que combine com sua personalidade e rotina, como anotações em papeis que estão sempre visíveis na mesa, utilização das ferramentas de um smartphone ou de quadros na sala visíveis para todos da equipe", completa a psicóloga.
No caso dos e-mails, uma alternativa seria definir horários durante o dia para a leitura e escrita de mensagens, que poderiam ser organizadas em pastas personalizadas. Já os bate-papos e sites de comunidades virtuais poderiam ser restritos aos horários de pausa no trabalho. Outras dicas são separar algo como dez minutos para planejar as tarefas do dia, definir prioridades na agenda e saber dizer "não" quando necessário.
"Importante que seja feita uma reflexão sobre o porquê de não se estar sendo produtivo: se é uma questão de desorganização e planejamento ou se são questões de outra ordem – como não se identificar com a atividade realizada, não estar estimulado a produzir, se existe alguma dificuldade com as pessoas envolvidas com o trabalho ou mesmo se alguma situação da vida pessoal está afetando o dia a dia e sua organização", avalia a psicóloga. E você, como tem aproveitado seu tempo? 


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Empresas devem instituir política de uso de redes sociais

Um levantamento realizado pela Deloitte em 2009 sobre os riscos de reputação envolvidos no uso das redes sociais pelos colaboradores da empresa retrata que 74% dos funcionários acreditam ser fácil causar dano à reputação da companhia pelas mídias sociais. Na mesma pesquisa, embora 58% dos executivos considerassem necessária a formalização de políticas internas para o uso das mídias sociais, apenas 15% naquela época efetivamente instituíram. De lá pra cá, o uso das redes sociais cresceu exponencialmente e esse risco hoje certamente é ainda maior, embora a adoção de códigos internos pelas corporações ainda é tímida.
As políticas que se preocupam em orientar e tratar adequadamente os riscos oriundos do uso da tecnologia da informação não raramente apenas relacionam proibições vinculadas à segurança de dados, deixando de tratar as mídias sociais e seus impactos à reputação do negócio. Não basta à corporação definir regras ou proibições para uso das redes sociais durante o horário de trabalho. Proibir seu uso é ir contra as tendências mais modernas de networking empresarial, além de pouco efetivo. Isso porque o acesso às redes sociais é cada vez mais originado de dispositivos móveis (1), nada adiantando o bloqueio via desktops ou redes wireless da companhia. Além desse impedimento técnico, o bloqueio total gera antipatia com os colaboradores e pode ser fator relevante no incremento dos negócios. Por exemplo: como os vendedores da sua empresa podem ficar sem interagir nas redes sociais? Eles precisam explorar ao máximo esses relacionamentos, incrementando a rede de contatos e, consequentemente, aumentando as vendas.
Na mesma proporção, ou bem próximo a isso, em que o networking é fomentado os riscos à reputação do negócio também o são. Daí são geradas consequências jurídicas desagradáveis e que tiram do empresário o foco do seu negócio, tendo que administrar situações que seriam facilmente minimizadas pela adoção de um regulamento, uma verdadeira política de uso das redes sociais. Essa política pode estar no próprio regulamento interno da empresa ou em documento separado, mas precisa ser instituída o quanto antes. Não há fórmula mágica ou formulários padrões. Cada negócio deve adotar uma política alinhada com sua realidade e seus valores internos. Entretanto, uma boa política de uso não pode se omitir em tratar algumas questões fundamentais. Vejamos:
1) Recrutamento: a empresa faz buscas pelas redes sociais e blogs, analisa o conteúdo das postagens dos entrevistados? Isso deve ficar claro aos candidatos.
2) Base de clientes: o que acontece quando o funcionário deixa a empresa? E os inúmeros seguidores de sua conta no Twitter que era utilizada para fins comerciais? Pertencerão à empresa ou ao funcionário? Poderá utilizar esse meio no seu novo emprego? A conta permitida para esses contatos é pessoal ou corporativa?
3) Difamação/calúnia/injúria/assédio/discriminação: Tais condutas em qualquer meio devem ser repreendidas pela empresa. Importante ressaltar que o meio virtual também causa consequências no físico, fornecendo treinamento e orientação adequada aos funcionários sobre os limites à liberdade de expressão. As postagens indevidas geram consequências e deixam rastro!
4) Segurança da informação: Embora seja política mais frequente e adotada pelas empresas, a mesma deve ser alinhada com o uso das redes sociais, porquanto o envio de dados pelas redes é facilitado e dependendo da segurança em TI adotada pode ser mais fácil vazar informações sigilosas da empresa por essa via do que por email.
5) Divulgação indevida de marca, nome e imagem: A vinculação da marca, nome ou imagem da empresa vinculada a situações constrangedoras na rede deve ser causa para rescisão do contrato de trabalho e os funcionários precisam estar cientes disso. Ex: Funcionário com a camisa da empresa em situação de embriaguez vexatória publicada em sua conta do Facebook: constrangimento desnecessário — prejuízo à reputação da empresa.
6) Amizade com colegas de trabalho: Como sua empresa vê isso nas redes sociais? Deseja vedar ou orientar? Os valores da corporação devem estar alinhados aqui, mas deve haver muito cuidado em qualquer tipo de proibição, para não ferir direitos fundamentais dos funcionários.
7) Postagens sobre clientes, comentários políticos ou sobre os negócios da empresa: Não precisa muito esforço para perceber o problema que um funcionário, mal orientado e sem treinamento, pode gerar para o negócio ao postar comentários inapropriados nas redes sociais.
8) Monitoramento e privacidade: Se sua empresa irá monitorar os funcionários no ambiente de trabalho, é preciso quebrar a expectativa de privacidade. Havendo interesse da empresa em fazer constantes pesquisas, embora isso tome bastante tempo, na vida online de seus funcionários fora do ambiente de trabalho, é importante que os mesmos saibam disso, embora publicações sem restrições de privacidade são, pela essência, de acesso público.
9) Uso da imagem dos colaboradores: a empresa não pode utilizar a imagem de seus funcionários sem sua autorização. Esse consentimento pode ser colhido já na adesão à política da empresa pelo trabalhador.
10) Email corporativo x email privado: Estabelecer as diferenças e os limites aos funcionários no uso do email corporativo para fins pessoais. Não é nada agradável circular pela rede material com conteúdo, p.ex., pornográfico originado de email com o nome da sua empresa.
Esses são alguns elementos básicos que não podem faltar, mas outros poderão ser necessários, dependendo das particularidades de cada negócio. Ainda, a política deve estar alinhada com as características próprias de cada rede social. Por exemplo: mais rigor para as redes profissionais, como o Linkedin; um pouco mais de rigidez para o Twitter (sem controle de privacidade) e moderação com constante orientação e transparência para o leque de riscos oriundos da maior rede social do momento: o Facebook.
Necessário ressaltar que os cuidados ora mencionados não servem tão somente para se proteger a reputação da empresa, embora esse argumento seja por si só, a meu ver, suficiente. Há também claro risco jurídico, considerando que a pessoa jurídica poderá responder civil e criminalmente por atos de seus funcionários.
Afinal, a elaboração de um código de conduta minimizará esses riscos? Certamente. Isso porque além de tais regulamentos deixarem claro o que é ou não tolerado pela corporação, podendo embasar dispensas por justa causa, a mesma pesquisa elaborada pela Deloitte, dava conta que 51% dos entrevistados concordavam que a definição de uma política interna e orientativa sobre o devido uso das redes sociais os motivariam a rever suas postagens. Uma política bem desenhada, alinhada com os aspectos jurídicos e tecnológicos aliada a um bom treinamento para sua adoção não é mais diferencial, mas medida absolutamente necessária à sustentabilidade do negócio na era da informação digital.

Por Rafael Fernandes Maciel
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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Administração: o grande segredo está no óbvio

Para se conhecer a essência da Administração, nada melhor do que recorrer a Peter Drucker, considerado o guru dos gurus. O que distinguia Drucker de muitos outros era a capacidade de ver o óbvio e, como já dizia Nelson Rodrigues, "só o gênio vê o óbvio". E este óbvio corresponde à identificação dos princípios universais da excelência, ou seja, aquilo que torna possível desempenhos e resultados de alto nível.

O que deve ser enfatizado é que estes princípios são universais, ou seja, válidos para todas as épocas, tempos, contextos e culturas, mas a sua aplicação não é. A aplicação é caso a caso, específica para cada contexto e situação. Assim, o que deu certo no passado, ou em outras culturas, se aplicado mecanicamente na situação atual, pode redundar em grave equívoco. Portanto, o sucesso ou o fracasso de uma empresa ou um administrador está na identificação e na dependência direta da boa ou má aplicação destes princípios.
É sempre bom ter presente o que afirma o Prêmio Nobel Ilya Prigogine: "a era da certeza acabou". Isto quer dizer que vivemos num mundo de crescente complexidade, ambiguidade, incerteza e insegurança, e o risco está sempre presente. E como não existe solução mágica, a capacidade de pensar, refletir e agir tendo como algumas das bases estes óbvios ou princípios faz a diferença entre a boa e a má Administração.
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Para que complicar, se as soluções estão no óbvio? (Imagem: Thinkstock)

Vamos a eles:

O produto final do trabalho de um administrador são decisões e ações

Uma empresa sobrevive ou não, tem êxito ou fracassa, de acordo com as decisões, escolhas e ações que fez ou faz, de suas estratégias e foco, seus sistemas de crenças e valores, lideranças, estilo gerencial, processos, estruturas, pessoas que seleciona e o sistema de treinamento e desenvolvimento que adota.
E decidir não é nada fácil. Assim, um estudo conduzido por Paul Nutt, professor da Universidade de Ohio, abrangendo um período de 19 anos com executivos e gerentes de 365 empresas, mostrou que mais de 50% das decisões, de uma forma ou de outra, fracassaram. Reforçando este estudo há a constatação da demissão ou da aposentadoria forçada de um número razoável de CEOs. Só no ano de 2000, por exemplo, foram cerca de 40 em empresas da lista da Fortune 500, tais como Compaq, Gillette, Hewlett-Packard, Xerox e Motorola.
E o que vale para empresas, também vale para nações e pessoas. Assim, o que cada um de nós é hoje, pessoal ou profissionalmente, é consequência destas escolhas e das ações adotadas para efetivá-las. Algumas escolhas são essenciais e importam em decisões sobre nossa religião, profissão ou papel social. Outras são operacionais, como a roupa que vamos vestir hoje para ir trabalhar.
O que deve ficar registrado é que, por um lado, de uma forma ou de outra, estamos sempre decidindo, pois não decidir já é uma decisão, e pode se constituir na chamada decisão por omissão. Por outro, que toda decisão é uma escolha entre alternativas e que tudo o que se faz na vida é uma alternativa, pois sempre é possível estar fazendo alguma coisa diferente. Mais ainda, a sua decisão é tão boa quanto a melhor alternativa que você conseguiu criar ou encontrar. Também considere que, na pior das hipóteses, "você pode não controlar o vento, mas pode controlar a vela".
Você pode decidir sozinho ou junto com outras pessoas. Quando você está decidindo com outras pessoas, você está negociando. Negociação não é nada mais do que comunicação e processo decisório compartilhado.

O administrador deve ser eficaz e eficiente ao mesmo tempo

O administrador eficaz é aquele que sabe o que é importante, agrega valor e contribui significativamente para se chegar à excelência de resultados. Em última instância, compreende as situações de acordo com o Princípio de Pareto, que reza que existem algumas poucas coisas relevantes em relação a muitas coisas triviais, inúteis e até mesmo perniciosas. E o que é fundamental para se ser eficaz? É a capacidade de avaliar. O megabilionário Warren Buffet quando perguntado pela razão do seu sucesso, respondeu: "É a minha capacidade de avaliar". Assim, quem não souber avaliar, jamais será eficaz. E mais ainda: a forma como uma pessoa avalia uma situação revela muito do que ela é, dos seus padrões de funcionamento e modelos mentais.
Já a eficiência está ligada à ação. Eficiente é aquela pessoa que faz muito bem o que se propõe a fazer ou o que lhe é pedido para fazer. E a eficiência começa por uma boa preparação. Benjamin Franklin já dizia por volta de 1750: "Quem não leva a sério a preparação de algo, está se preparando para o fracasso". Portanto, quem quiser fracassar já sabe a receita. É só não levar a sério a preparação.
Existem 4 situações, como se segue:
  • Alta eficácia e eficiência. Estes são os administradores excelentes, que sabem o que deve ser feito e fazem bem o que deve ser feito;
  • Alta eficácia, mas baixa eficiência. São aqueles que sabem o que deve ser feito mas não fazem. Muitas vezes por falta de iniciativa, procrastinação ou medo do fracasso. Também podem ser aqueles da turma do "eu não disse que não ia dar certo?";
  • Baixa eficácia e alta eficiência. Estes são administradores perigosos, pois são cheios de iniciativa e ação. São os "fazedores", mas que por não terem uma compreensão mais profunda do que estão fazendo, podem provocar muitos estragos. E se ainda por cima, tem influência e poder, vão culpar todo mundo pelos seus erros e estragos;
  • Baixa eficácia e eficiência. Estes nem mesmo podem ser chamados de administradores. São os chamados desistentes ou com desamparo adquirido.

O objetivo da Administração

Mas para que possamos decidir e agir com eficácia e eficiência, é preciso ainda continuar com Drucker. "O objetivo da Administração é levar as pessoas a atuarem juntas, tornando sua força eficiente e sua fraqueza irrelevante. Para tanto, a Administração lida com a integração de pessoas dando a elas objetivos e valores comuns. Também é trabalho da Administração tornar viáveis à empresa e a cada um de seus membros o crescimento e o desenvolvimento que precisam para fazer face às mudanças, enfrentar adversidades e aproveitar oportunidades. Isto significa que cada empresa é uma instituição de ensino e aprendizagem".
Mas o que deve ficar claro, por um lado, é que os verdadeiros valores de uma empresa são expressos pelos exemplos e comportamentos de seus líderes e não por jargões e slogans dependurados nas paredes. E por outro, que cada empresa é uma estrutura dinâmica em constante transformação para fazer face aos desafios, adversidades e demandas do meio ambiente. E, como disse Jack Welch, "Se o nível de mudança interno está abaixo do nível de mudança externo, o colapso é iminente". É por isto que uma pesquisa constatou que um terço das empresas que um dia foram as maiores do mundo e figuraram na lista da Fortune 500, não existia mais.
Mas para concluir, e entendermos ainda mais a questão, podemos recorrer ao que disse, Adam Smith, considerado o pai da economia, em meados do século XVIII: "A riqueza de uma nação está, em última análise, no conhecimento e no talento de seu povo, bem como na sua capacidade para organizar e aplicar o conhecimento, utilizar e desenvolver com eficiência os recursos humanos".
Em última instância, a essência da Administração, bem como o papel dos administradores, é contribuir de maneira fundamental para a construção da riqueza e prosperidade da sua nação e para o desenvolvimento do talento do seu povo, seu recurso mais importante.

Por José Wanderley
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Defesa da Concorrência é avanço ou retrocesso?

Márcia Lunardi Flores
Entrou em vigor no País a Lei 12.529/2011 que regulamenta e estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. Com a nova lei, o Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade) ganhou mais peso na avaliação e aprovação dos processos de fusões e aquisições. As alterações terão cunho mais administrativo na avaliação e no julgamento dos atos de concentração. E, para garantir maior agilidade e eficiência, a entidade passará de cerca de 60 técnicos para aproximadamente 260, aptos ao exame adequado de processos de fusões e aquisições. Outra mudança: caberá somente ao Cade o exame, o julgamento das operações e os processos administrativos. Assim, a autarquia terá uma Superintendência Geral, um Tribunal, um Departamento de Estudos Econômicos e uma Procuradoria Federal - esta última com o encargo de representá-la judicial e extrajudicialmente. Na lei anterior, a análise dos atos de concentração e condutas anticompetitivas era exercida conjuntamente pelo Cade, pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) e pela Secretaria de Direito Econômico (SDE), acarretando uma morosidade muito grande nas operações.
Agora os processos serão mais ágeis, eis que o prazo para análise terá um limite de 330 dias. Mas a “grande novidade” da nova lei está no momento de análise dos atos de concentração. Antes, o controle de concentrações empresariais era examinado em momento posterior ao anúncio das intenções das empresas ao mercado. No modelo atual, cabe ao Cade analisar os processos de fusões e aquisições antes de se tornarem públicos. Houve também alteração nas penas para as de condutas anticoncorrenciais. Antes a punição era mais rigorosa. Agora, a nova lei previu que a empresa seja punida com multa de até 20% do faturamento no mercado específico, no qual ocorreu a prática desleal, apurado no ano anterior à instauração do processo administrativo. A nova legislação, sem dúvida, num olhar apressado, pode parecer um retrocesso. Contudo, não se pode duvidar que o Cade tornou-se melhor aparelhado e dotado de estrutura organizacional apta à tomada de decisões mais ágeis que repercutirão diretamente na economia do País. Isso trará reflexos importantes na continuidade do crescimento econômico, pois atrairá um número maior de investimentos produtivos.

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Inovação sem criatividade: interessa?

No post de hoje, começamos respondendo ao leitor Augusto Brito, que nos pergunta qual comportamento é mais importante nas empresas atuais: ser "criativo" ou "inovador"?

Caro Augusto, a criatividade é um processo. Ela pode ocorrer no nível individual, como quando você chega a uma ideia nova, ou em grupo, como quando sua equipe de trabalho propõe uma nova estratégia para um produto da empresa. Quando falamos em criatividade estamos falando nos processos mentais e comportamentais que levam pessoas e grupos a chegarem a novas ideias. Uma inovação é o produto da criatividade. Dessa forma, podemos sim dizer que uma pessoa, um grupo ou até uma empresa são inovadoras, desde que elas tenham um histórico de novidades realizadas. Ajustando nosso vocabulário, então, dizemos que pessoas criativas podem ser consideradas inovadoras se tiverem sucesso com suas ideias.
Voltando à sua pergunta, você questiona ainda o que seria mais importante nas empresas atuais, e minha resposta aqui precisa ser pragmática: muita calma nessa hora.
Outro leitor dessa coluna, o Roberto, enviou uma experiência de um projeto em que ele trabalhou um ano mas que ainda não conseguiu colocar em prática. O Roberto levantou, então, a questão: apesar de tudo que se fala sobre inovação, no caso do Brasil em particular, as pessoas e empresas ainda não colocam a mão no bolso para arcar com ela?
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Augusto e Roberto: Sou um grande defensor do estímulo e ensino da criatividade. A criatividade, de projetos empresariais a tocar um instrumento, dançar ou pintar um quadro só tem a enriquecer a vida. Há uma diversidade de pesquisas que mostram que o retorno do trabalho criativo não é somente financeiro, como quando um produto dá certo ou você consegue vender um quadro ou ser pago para tocar, mas também refletem uma melhora na qualidade de vida, na satisfação com as realizações pessoais e até com uma melhor perspectiva sobre nossas realizações quando olhamos para os feitos de nossa vida em retrospecto. Um histórico de criatividade em qualquer área pode ajudar a diminuir o sentimento de vazio que muitas pessoas têm ao chegar em diferentes etapas da vida, olhar para trás e sentirem que não realizaram nada. Tirando qualquer ganho financeiro, por si só esse efeito terapêutico do trabalho criativo deveria ser suficiente para a criatividade ser mais estimulada nos diferentes setores da vida.
Agora vamos ser pragmáticos: é de minha opinião que a maioria das escolas não está preparada para ensinar tal coisa, e a maioria das empresas, apesar dos discursos, não só não está preparada, como costuma punir funcionários que tentam ser criativos.
Esse comportamento por parte das empresas pode ocorrer por diversos motivos, que depende de empresa para empresa. A causa pode ser operacional: muitas empresas dependem da repetição de padrões e comportamentos. Qualquer desvio do comportamento estabelecido pode ser visto como uma falha do sistema, e punido e consertado de acordo. A causa pode ser de desenho organizacional: há empresas que separam os setores e pessoas "criativos" dos "não criativos". E enquanto os "criativos" são cobrados para chegar a coisas novas, os "não criativos" continuam realizando tarefas repetitivas, e podem até assumir uma posição de funcionário de segunda classe dentro da empresa (como é o caso de muitas empresas de publicidade, que tratam seus "criativos" de modo muito diferente do pessoal "operacional"). Em muitos outros casos a causa pode ser ainda cultural: locais, chefes, empresas e culturas podem exibir elementos como autoritarismo e aversão ao risco. Se você está em uma cultura bastante hierarquizada e que as pessoas não lidam bem com perdas, terá dificuldades em ser criativo.
A lista continua, mas o fato é que, por uma infinidade de motivos, apesar de ser moda anunciar ao mundo como determinada empresa é criativa ou inovadora, nem sempre esse é o caso, ou nem sempre todas as pessoas dentro de uma empresa possuem a autorização para exercer a sua criatividade. Portanto, Augusto, é importante sim ser criativo, mas se sua empresa não valoriza isso, procure outras formas de expressar sua criatividade. Aprenda uma habilidade, arranje um novo passatempo ou atividade para fazer em suas horas livres. O local em que você ganha seu sustento não precisa ser o mesmo onde você exerce sua criatividade.
Voltando ao Roberto. Costumo ouvir com certa frequência pessoas afirmarem em minhas palestras que o brasileiro já é um povo criativo por natureza. Volta e meia ouço exemplos como Santos Dummont, Paulo Coelho ou Romero Britto.
Eu pergunto, então, se a aeronave que o Santos Dummont desenhou é a mesma que entramos quando queremos atravessar o oceano, pergunto quantos brasileiros figuram em listas de artistas mundialmente famosos, quantas patentes, artigos científicos ou qualquer outra medida de comparação temos como um país em relação a outros. A verdade é que, para um país de 190 milhões de pessoas, ainda temos muito pouco a mostrar quando se trata de inovação.
Como aprendemos acima, a inovação é a medida da criatividade. Apesar de pequenos avanços e algumas pessoas que conseguem brilhar em uma ou outra área, ainda temos muito a aprender. Essas mudanças, que passam pela cultura, legislação e vão até a psicologia individual não acontecem de uma hora para outra. O importante a manter em mente é que, do ponto de vista individual, precisamos ter a consciência de que a criatividade pode sim ser frustrante. É, sim, algo difícil. Mas, sem dúvida nenhuma, vale a pena.

Por Fábio Zugman
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quarta-feira, 20 de junho de 2012

A luta da Advocacia é a luta da democracia

Por Carlo Velho Masi,
advogado (OAB-RS n° 81.412)

No último dia 15, a OAB-RS realizou o memorável ato solene de desagravo público do advogado Rui Sanderson Bresolin, que foi indevida e injustamente denunciado pelos promotores Antônio Metzger Képes, Max Roberto Guazelli e Ádrio Rafael Paula Gelati na chamada “Operação Papai Noel”, que apurou suposto desvio de verbas públicas do Natal Luz de Gramado.

Fizeram uso da palavra o presidente da Câmara de Vereadores de Gramado, Giovani Colorio; o relator do processo de desagravo no Conselho Seccional da OAB gaúcha Eduardo Ferreira Bandeira de Mello; o advogado Amadeu de Almeida Weinmann; o presidente da OAB-RS; e o desagravado Rui Bresolin.

Em seu firme discurso em nome de toda a Advocacia gaúcha, presidente Claudio Pacheco Prates Lamacchia reafirmou que a OAB defende a cidadania e não tolera ilegalidades contra seus membros. A instituição tem a moral para promover o desagravo, pois quando chamada a punir os desvios jamais se omite.

O advogado Amadeu Weinmann falou da história de luta da Advocacia, que sempre enfrentou os desmandos do autoritarismo. Na democracia, é impensável que o cidadão não tenha o direito de defesa, e aquele que é o seu porta-voz não pode ter suas prerrogativas cerceadas por qualquer autoridade.

Aproveitou-se a oportunidade para anunciar publicamente que o ato ilícito praticado pelos promotores não sairá impune, e que todas as providências civis e criminais serão adotadas para reparar, ainda que minimamente, os danos causados ao advogado Rui Bresolin.

Compareceu ainda o prefeito Municipal de Gramado, Nestor Tissot, na defesa de quem Bresolin acabou denunciado por assessorá-lo como advogado em audiências públicas na cidade.

Quero registrar que tive a oportunidade única de participar, junto aos advogados Amadeu Weinmann e Claudio Candiota Filho, da impetração do habeas corpus que pôs fim à coação ilegal contra o advogado Rui Bresolin.

Na decisão de relatoria do Des. Aristides Pedroso de Albuquerque Neto, da 4ª Câmara Criminal do TJRS, destacou-se que a denúncia nada mais fez do que atribuir ao causídico a própria prática da Advocacia, que jamais poderia ser reputada como criminosa, até porque reconhecida expressamente como atividade essencial à Justiça pela Carta Fundamental.

Tal impetração representou para a ação penal do Natal Luz o início de uma reação defensiva que, até o momento, já conta com outros sete réus excluídos do processo, antes mesmo que o magistrado de 1º grau delibere acerca das defesas prévias apresentadas. 

Na presença de seus familiares, amigos, alunos e colegas, Rui Bresolin foi oficialmente desgravado. A mácula em sua honra, contudo, não desaparecerá jamais, tal como a todos os demais denunciados.

Os responsáveis pelo abuso que ofendeu sua integridade moral continuam, ao menos por ora, impunes. Mas vejo esta cerimônia não como o fim, mas como o estímulo a levar adiante um lento processo de reparação, não só deste destacado profissional que ilustra a Advocacia gaúcha, mas de todos aqueles que foram injustamente acusados em Gramado de promover um evento que orgulha profundamente a todos: o Natal Luz.

Rui Bresolin agiu como um verdadeiro advogado. Suportou a execração pública, sentiu na pele a humilhação e triunfou por seus próprios méritos.

Com mensagens de apoio de outras seccionais da OAB, o ato adquire repercussão nacional e situa-se num contexto em que a Advocacia brasileira, sobretudo a criminal, vem sofrendo ataques de diversos âmbitos. É hora de a sociedade refletir sobre a questão e perceber que, sem a Advocacia, não há Estado de Direito. Sem os advogados, o povo brasileiro não teria superado o Estado de Exceção a que foi duramente submetido por tantas décadas. É o advogado que garante ao cidadão o direito de ser ouvido.É o advogado que defende sua honra, seu patrimônio, sua família, sua dignidade e sua liberdade.    


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Executivos: 7 erros que podem destruir uma empresa

Há alguns dias escrevi um artigo listando sete erros frequentes que devem ser evitados por profissionais de diversos níveis hierárquicos, baseado em atitudes e comportamentos. Fui solicitado a pensar nas falhas mais comuns cometidas por executivos e profissionais de alto escalão. Tarefa um tanto quanto simples, considerando que apenas precisei observar meu próprio comportamento, assim como o de colegas e superiores. Difícil foi conseguir uma brecha na agenda lotada e extenuante, considerando que estamos em junho, mês de fechamento do segundo trimestre. Vamos então as dicas, as quais, espero, possam ser úteis.

Os fins justificam os meios:
metas irrealistas, pressões por resultados de curto prazo e cobranças desmedidas das chefias, podem fazer com que o executivo acabe cometendo deslizes ou faltas éticas, ferindo princípios contábeis e normais internacionais. É comum fabricantes estocarem seus parceiros de canal, oferecendo descontos para que comprem além da quantidade normal. Verbas de marketing, prorrogações de títulos e devoluções são algumas das consequências.
Tudo é urgente: conheci profissionais que não distinguem a diferença entre urgente e importante, tornando todo e qualquer assunto como a hora da morte, principalmente aqueles solicitados pela chefia imediata. Esta postura de desespero acaba contaminando seus subordinados e a área, cujo clima organizacional tende a se deteriorar rapidamente, trazendo conflitos, desmotivação e desligamentos. Nem o melhor dos motores resiste andar em alto giro durante 30 dias seguidos.
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Efeito casulo:
apesar de declinante, conheço gerentes e diretores que passaram longos períodos em uma só empresa, fechando-se para o mercado. Em alguns casos o casamento um dia acaba, trazendo uma sensação amarga de traição e negação. Como um marido recém-separado, precisam reaprender a procurar emprego. Considerando que grande parte das vagas de alto nível é preenchida pelo famoso QI, não é difícil prever que terão dificuldades. Sei que pode parecer chavão, porém manter uma rede de networking é um hábito salutar. Um almoço por semana basta. Palavra de quem já sofreu na pele.
Longe da escola: da mesma maneira que existem profissionais que vivem para estudar, aproveitando suas férias para cursos de atualização, há aqueles que só pensam em trabalhar, passando longe dos bancos escolares. Um currículo repleto de realizações e conquistas, obtidos a custa de muitas horas extras e finais de semana. Ter apenas a graduação no CV poderá atrapalhá-lo, uma vez que perderá a noção das teorias e modelos aplicados em outras empresas e setores.
O alpinista: há muitos executivos que acabam pulando etapas em sua carreira, ocupando rapidamente postos de direção. Em geral, profissionais com escolas de primeira linha, idiomas e experiências internacionais, utilizam sua inteligência criando estratégias que os levarão ao topo. Pouco jogo de cintura em relacionamentos interpessoais e falta de liderança, frutos da experiência, podem ocorrer. Em épocas de organogramas horizontalizados, promoções laterais são também interessantes.
Faça como os políticos: em anos eleitorais tudo é possível, até coalizões entre Maluf e Lula, aqui em São Paulo. Não obstante o disparate, o importante é aprender a habilidade em formar coalizões e costurar acordos, imprescindíveis no alto da hierarquia. Em grandes corporações, conhecer e trafegar bem nas complexas estruturas organizacionais pode fazer a diferença, por exemplo, na aprovação ou não de um projeto.
O efeito formiga: muitos chefes acabam sempre com a mão na massa, seja por gostarem do trabalho do dia a dia, não confiarem em seus subordinados ou não delegarem de maneira apropriada. Sempre atolados de trabalho, acabam se escondendo das maiores decisões, sendo vistos como operacionais pela chefia. Apesar do nobre propósito, um dos papéis a desempenhar pelo executivo é o marketing pessoal. Como já dizia o ditado, quem não é visto não é lembrado.
Com raras exceções, grande parte dos setores e indústrias tem vivido momentos de queda em seus faturamentos, cujos planos, construídos com base no eufórico ano de 2011, estão muito aquém do previsto. O humor das empresas e dos executivos costuma refletir o clima econômico vigente, apesar das previsões otimistas de Guido Mantega. Neste cenário um tanto quanto encoberto e com os nervos a flor da pele, nunca é demais tomar alguns cuidados.

Por Marcos Morita
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