Atualmente, diz-se que o mercado de serviços
jurídicos no Brasil está saturado, mas isso é uma verdade? Uma coisa é
incontroversa: de um lado, observamos um boom de profissionais do direito com
as mais diversas inserções acadêmicas, pessoas e profissionais e, de outro, uma
assimetria enorme em termos de conhecimento jurídico. Porém, temos igualmente
um movimento cada vez maior de ampliação dos canais de informação, tais como a
Internet, os canais de TV específicos (TV Justiça, TV Senado, etc) e tantas outras
fontes que fazem com que o conhecimento jurídico seja cada vez mais
compartilhado.
Além de um boom de profissionais de direito, também temos um aumento
significativo de serviços jurídicos. Já se foi o tempo que os serviços de
advocacia se restringiam à mera propositura e acompanhamento de ações
judiciais. Atualmente, observa-se a atuação dos advogados na realização de
diligências em instituições públicas, na condução de decisões por meio de
arbitragem, no desenvolvimento da mediação extrajudicial e, até mesmo, no
desenvolvimento de consultorias para empresas.
O desafio de todo aquele que trabalha com a advocacia consiste justamente em
fazer diferente e dar visibilidade ao que faz. Vale dizer que “fazer diferente”
não significa necessariamente desenvolver uma atividade que ninguém faz. Eu
posso ser diferente mesmo em áreas cuja concorrência é bastante acirrada, tais
como a advocacia trabalhista para reclamantes. Não é preciso inventar fórmulas
revolucionárias. O segredo de ser diferente consiste em pensar de forma
inovadora e em soluções mais eficientes e com alcance de resultados mais
substantivos.
Cada vez mais valorizada, a inovação passou a ser a palavra-chave no mercado de
serviços jurídicos. Para superar paradigmas e propor soluções originais e inteligentes,
é fundamental o desenvolvimento de estratégias inovadoras. O advogado que busca
estabelecer estratégias inovadoras possui uma ferramenta útil neste mercado,
pois fez diferente e esta diferença trouxe impactos positivos.
E basta ser diferente e inovador? Também não. Tão importante quanto ser
diferente consiste em dar visibilidade a este diferencial. Eu posso ter uma
tese jurídica muito interessante para defender indivíduos que tenham sido
prejudicados com o deferimento de uma determinada falência no Brasil inteiro.
Porém, isso não adianta muito se eu não consigo estabelecer uma estratégia de
visibilidade da minha ideia e consiga traduzir isso em clientes.
Não é por acaso que os profissionais do direito têm estudado cada vez mais
administração, economia, literatura e, inclusive, Marketing. Cada vez mais o
advogado deve ser um gestor do serviço prestado e, além de investir nas
ferramentas próprias da administração, é fundamental que pense em estratégias
inovadoras para dar visibilidade ao seu trabalho nesta “selva de concorrentes”.
O Marketing pode ser decisivo para evitar o desperdício de esforço e de um
trabalho bem feito, na medida em que auxilia o profissional do direito a
torná-lo visível.
De fato, é difícil fazer diferente e é mais difícil ainda estar visível neste
“sem número” de profissionais. Mais difícil e complexo ainda é ser concebido
pelos clientes (passados e presentes), pelo público-alvo, pelos funcionários e,
até mesmo, pela comunidade jurídica como uma marca confiável.
Uma marca confiável não pode ser vazia. Isto é, não basta parecer ser
confiável, pois é preciso realmente que você o seja. A ênfase na qualidade e na
ética, por exemplo, tornam-se fundamentais nesta empreitada, assim como o
desenvolvimento de uma relação transparente com os seus clientes. Nenhum
cliente espera contratá-lo para uma recuperação judicial se você, apesar de
parecer ter conhecimento do assunto, efetivamente não o tem. Por mais óbvio que
isto possa ser, quando se trata de ética no Marketing jurídico, somente sendo é
que você pode efetivamente parecer ser, e não o inverso. Em função desta forte
aproximação com a ética, o Marketing jurídico somente pode versar sobre o que
você é, sob pena de desastres sucessivos.
Investir em marketing jurídico não se reduz a contratar uma empresa de
consultoria na área para fazer a gestão da visibilidade da empresa de
advocacia. Os diferenciais do seu serviço devem ser reais. Portanto,
independentemente da existência de um setor de Marketing ou uma consultoria, é
fundamental que haja uma internalização da confiabilidade do serviço pelos
próprios advogados que o prestam. Como se diz no mundo corporativo, você só
pode vender aquilo que você acredita que é bom e merece ser contratado!
Fonte: Blog de Felipe Dutra Asensi