quarta-feira, 20 de junho de 2012

A luta da Advocacia é a luta da democracia

Por Carlo Velho Masi,
advogado (OAB-RS n° 81.412)

No último dia 15, a OAB-RS realizou o memorável ato solene de desagravo público do advogado Rui Sanderson Bresolin, que foi indevida e injustamente denunciado pelos promotores Antônio Metzger Képes, Max Roberto Guazelli e Ádrio Rafael Paula Gelati na chamada “Operação Papai Noel”, que apurou suposto desvio de verbas públicas do Natal Luz de Gramado.

Fizeram uso da palavra o presidente da Câmara de Vereadores de Gramado, Giovani Colorio; o relator do processo de desagravo no Conselho Seccional da OAB gaúcha Eduardo Ferreira Bandeira de Mello; o advogado Amadeu de Almeida Weinmann; o presidente da OAB-RS; e o desagravado Rui Bresolin.

Em seu firme discurso em nome de toda a Advocacia gaúcha, presidente Claudio Pacheco Prates Lamacchia reafirmou que a OAB defende a cidadania e não tolera ilegalidades contra seus membros. A instituição tem a moral para promover o desagravo, pois quando chamada a punir os desvios jamais se omite.

O advogado Amadeu Weinmann falou da história de luta da Advocacia, que sempre enfrentou os desmandos do autoritarismo. Na democracia, é impensável que o cidadão não tenha o direito de defesa, e aquele que é o seu porta-voz não pode ter suas prerrogativas cerceadas por qualquer autoridade.

Aproveitou-se a oportunidade para anunciar publicamente que o ato ilícito praticado pelos promotores não sairá impune, e que todas as providências civis e criminais serão adotadas para reparar, ainda que minimamente, os danos causados ao advogado Rui Bresolin.

Compareceu ainda o prefeito Municipal de Gramado, Nestor Tissot, na defesa de quem Bresolin acabou denunciado por assessorá-lo como advogado em audiências públicas na cidade.

Quero registrar que tive a oportunidade única de participar, junto aos advogados Amadeu Weinmann e Claudio Candiota Filho, da impetração do habeas corpus que pôs fim à coação ilegal contra o advogado Rui Bresolin.

Na decisão de relatoria do Des. Aristides Pedroso de Albuquerque Neto, da 4ª Câmara Criminal do TJRS, destacou-se que a denúncia nada mais fez do que atribuir ao causídico a própria prática da Advocacia, que jamais poderia ser reputada como criminosa, até porque reconhecida expressamente como atividade essencial à Justiça pela Carta Fundamental.

Tal impetração representou para a ação penal do Natal Luz o início de uma reação defensiva que, até o momento, já conta com outros sete réus excluídos do processo, antes mesmo que o magistrado de 1º grau delibere acerca das defesas prévias apresentadas. 

Na presença de seus familiares, amigos, alunos e colegas, Rui Bresolin foi oficialmente desgravado. A mácula em sua honra, contudo, não desaparecerá jamais, tal como a todos os demais denunciados.

Os responsáveis pelo abuso que ofendeu sua integridade moral continuam, ao menos por ora, impunes. Mas vejo esta cerimônia não como o fim, mas como o estímulo a levar adiante um lento processo de reparação, não só deste destacado profissional que ilustra a Advocacia gaúcha, mas de todos aqueles que foram injustamente acusados em Gramado de promover um evento que orgulha profundamente a todos: o Natal Luz.

Rui Bresolin agiu como um verdadeiro advogado. Suportou a execração pública, sentiu na pele a humilhação e triunfou por seus próprios méritos.

Com mensagens de apoio de outras seccionais da OAB, o ato adquire repercussão nacional e situa-se num contexto em que a Advocacia brasileira, sobretudo a criminal, vem sofrendo ataques de diversos âmbitos. É hora de a sociedade refletir sobre a questão e perceber que, sem a Advocacia, não há Estado de Direito. Sem os advogados, o povo brasileiro não teria superado o Estado de Exceção a que foi duramente submetido por tantas décadas. É o advogado que garante ao cidadão o direito de ser ouvido.É o advogado que defende sua honra, seu patrimônio, sua família, sua dignidade e sua liberdade.    


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