sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fantasmas ou Atitude?

Lendo na Zero Hora de Domingo (28/08) interessante reportagem sobre o atraso e as dificuldades que nosso Rio Grande tem enfrentado em acompanhar o desenvolvimento do País, em razão de uma cultura ou ideologia de conflitos, me veio em mente outra constatação.

O empresário gaúcho possui muita dificuldade, para não dizer quase um bloqueio, em pedir ajuda ou reconhecer quando sua empresa está atravessando por um momento de crise, leia-se financeira.

Como questões ideológicas e raízes culturais, sob certa ótica, podem ser prejudiciais!

Depois de anos trabalhando com empresas em crise, afirmo sem medo de errar que muitas das falências das empresas gaúchas podiam ter sido evitadas se houvesse o reconhecimento e conscientização do empresário do estado de crise e tomadas as medidas eficazes de gestão nesse sentido.

No Sul,  diferentemente de outros centros e pólos econômicos do país, o gaúcho tem pavor que alguém saiba que ele está em dificuldade, principalmente por questões de imagem e relacionamento pessoal envolvido.

Muitas das empresas ainda são familiares.

Como consequência, diminuir o padrão de vida é outra dificuldade, esquecendo-se muitas vezes uma questão singela: os gastos devem adaptar-se a nova realidade.

Em São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro, por exemplo, a Recuperação Judicial para empresas em dificuldade é bem mais utilizada.

“Se temos um remédio que pode nos ajudar em momentos de dificuldade, por que não vamos usá-lo”, me disse um empresário do setor farmacêutico na capital paulista na última semana.

A General Motors e a Chrysler, como outras empresas americanas usam e abusavam da “concordata”, quando necessitam equacionar suas dívidas, conforme proteção instituída no capítulo 11 da Lei de Falências americana.

E o mercado entende. Faz parte do jogo.

O gaúcho não!

Ele como patriarca e pai da empresa, sofre sozinho, vai inchando seu endividamento, aumentando seu custo financeiro, perdendo crédito, não pagando os imposto e somente quando está com salários atrasados e sem matéria-prima para rodar sua empresa é que se dá conta de dividir isso com a família, consultores e amigos.

Na maioria das vezes é tarde. Menos uma empresa a funcionar no Rio Grande.


Fabrício Nedel Scalzilli é advogado e presidente da Comissão Especial de Falências e Recuperação Judicial da OAB/RS.

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