A guerra de gerações – Entrevista

Simoni Missel, coach e psicóloga, diz que um dos grandes desafios do coaching é harmonizar as gerações X e Y.

Simoni Missel é coach de carreira, psicóloga e Diretora da Missel Capacitação Empresarial. Com 30 de experiência em Gestão de Pessoas, desenvolvimento gerencial e mudanças de comportamento, conquistou certificações internacionais em Coaching Executivo pela Carrier Planning and Adult Development Network (California/USA) e pela Corporate Coach U International (Toronto/Canada). Nessa entrevista ela fala um pouco mais sobre Coaching e um dos principais objetivos da ferramenta: transformar as diferenças de gerações atuantes nas empresas em uma aliada para melhores resultados.

Correio do Povo – Qual a origem da palavra Coaching?

Simoni Missel – Ela vem do inglês que significa “treinador”. Coaching é um método baseado em treinamento de atletas com objetivo de desenvolver profissionais. É um formato onde se aprende a importância de desenvolver pessoas para os resultados. O coaching vai ensinar a recrutar, dar feedback, fazer avaliações. Muitas vezes o gestor não faz a avaliação do funcionário porque não sabe como.

CP – Porque as empresas estão apostando no coaching hoje em dia?

Simoni – As empresas estão com dificuldade de contratar pessoas qualificadas. Então, muitos gestores estão desenvolvendo o papel de formar novos profissionais, com um perfil preparado para o mercado e moldado de acordo com as necessidades da empresa, o que tem gerado excelentes resultados.

CP – O coaching pode ser feito somente nas empresas?

Simoni – Ele pode ser feito individualmente ou terceirizado pela empresa. Atualmente as empresas tem procurado muito o coaching externo, principalmente as que tem muitos colaboradores da geração X ebabybommer (nascidos após a Segunda Guerra). A geração Y tem buscado bastante os coachingsindividuais para realizar um plano de carreira e se desenvolver como profissional.

CP – Quais as dificuldades dos coaching que lidam com a geração X (nascidos entre 1960 e 1970) e a babyboomer?

Simoni – Quanto maior a idade dos gestores, menor a abertura para mudanças. Normalmente são pessoas mais resistentes e precisam de processos diferentes de um jovem. Mesmo mais maduros, eles encontram outros caminhos, se aperfeiçoam, mas de forma diferente dos jovens. Os profissionais da geração Y (nascidos depois de 1980) tem uma abertura muito grande para se autoavaliarem e enxergar oportunidades de melhoria. Reconhecem seus erros, pedem desculpas e refazem as suas tarefas para atingir melhores resultados. Já as outras gerações tem maior dificuldade de assumir suas limitações. Mesmo assim, os jovens ainda não mostram um perfil profissional muito desenvolvido.

CP – Como o coaching consegue ajudá-los?

Simoni – Hoje, 20% dos jovens empregados com menos de 30 anos estão em posições de chefia. Eu tenho encontrado muitos conflitos nas organizações por causa das diferenças de cultura entre as gerações. A geração X tem um conhecimento mais aprofundado sobre um determinado tema, já a Y tem um vasto conhecimento na maioria das vezes com superficialidade. Durante o processo de coaching, o profissional aprende a lidar com estas diferenças individuais e transformá-las aos seu favor. Já se sabe que grandes resultados dependem das características dos profissionais de ambas gerações.

CP – Qual o papel prático do coaching nessa fusão?

Simoni – Os jovens não se mantem no trabalho por muito tempo, precisam aprender a serem mais ponderados, não gostam de cumprir normas. Eles têm um conceito de hierarquia diferente da geração X. Eles esperam que a empresa os valorize assim como ele é valorizado em casa e se decepcionam quando isso não acontece. Já os da geração X são bastante profissionais, ponderados e com conhecimentos mais aprofundados. É preciso que eles troquem informações e atitudes. Uma organização que não conte com a geração Y dificilmente acompanhará a velocidade das mudanças do mercado. O coaching tem o papel de agregar as diferentes qualidades das gerações em busca de resultados.

CP – Qual profissional normalmente carece mais do auxílio de um coaching?

Simoni – Normalmente os profissionais de áreas técnicas, controladoria, engenharia, informática. Estas pessoas têm se destacado na busca por conhecimento na gestão de pessoas. Também notasse uma busca pelos profissionais com funções de supervisão, direção e empresários. Eles estão percebendo que seus resultados são diretamente influenciados por uma correta gestão das pessoas.