Não é de trabalhar que muitas pessoas reclamam, é do que está envolvido nele.
Todos sabemos que trabalhar é saudável, mas fatores tais como a
pressão, relacionamentos, perspectivas, condições e ferramentas de
trabalho, além, é claro, do salário, influenciam sobremaneira nossa
motivação. São por essas e várias outras razões que costumo dizer que
não existem pessoas preguiçosas, o que existem são pessoas desmotivadas.
Os estudos de mais sucesso que abordam a motivação no trabalho
existem há menos de 40 anos. Dentre eles destacam-se os trabalhos dos
psicólogos Peter Salovey e John D. Mayer, os quais foram pioneiros na
popularização do termo "Inteligência Emocional", isso
por volta de 1990. Cinco anos mais tarde, o termo tornou-se conhecido
mundialmente através do best seller de Daniel Goleman: "Inteligência Emocional - Por que ela pode ser mais importante que o QI". De lá para cá o mundo corporativo passou a dar atenção aos fatores emocionais no trabalho, usando os princípios da Inteligência Emocional
em contraposição ao centenário QI (Quoeficiente de Inteligência). Por
isso, hoje é comum encontrarmos nas corporações o emprego do termo QE -
Quoeficiente Emocional - cunhado justamente para designar a resultante
desses fatores emocionais.
Por outro lado, ironicamente, a principal razão para que as empresas
se voltassem para o monitoramento da satisfação de seus funcionários foi
a massificação do uso da tecnologia. A tecnologia substituiu por
máquinas os processos repetitivos, disponibilizando as pessoas para
tarefas mais nobres, desde as mais qualificadas às mais criativas. Com
essa mudança, a atenção da empresas voltou-se para o estado emocional
delas, uma vez que, inequivocamente, o desempenho no trabalho está
ligado diretamente a ele. Em resumo, as empresas passaram a zelar pelo
"clima" do ambiente de trabalho, de forma que isso propiciasse um melhor
exercício do mesmo.
Se não bastasse toda essa preocupação, o mundo de hoje insere nesse
tempero uma pimenta ainda mais ardida: tratam-se dos jovens da chamada
"Geração Y" (nascidos a partir dos anos 80). Essa geração
tecnologicamente integrada e conectada, tem como uma das principais
características a impaciência. Isso exige das empresas um retorno muito
rápido às aspirações deles, pois se não forem devidamente atendidos
dentro do prazo que limitam suas satisfações, partem para a busca de
novas oportunidades sem a menor cerimônia. Justamente por conta dessa
volatilidade é que tanto se fala hoje em "retenção de talentos", aliás,
tarefa nada fácil, dada a velocidade com que a informação se propaga e a
quantidade de oportunidades que rapidamente surgem nesta era de
informação digital.
Todo esse cenário torna o uso da Inteligência Emocional
ainda mais importante, pois monitorar e avaliar a satisfação das
pessoas dentro das empresas é de fundamental importância para o seu
resultado. Isso também aumenta muito a responsabilidade dos líderes, os quais, finalmente, terão suas competências evidenciadas, descartando de vez aqueles inábeis que são apenas "chefes".
Pode parecer que este texto foi voltado somente para as empresas e o
que elas devem encarar. No entanto, a motivação para o uso da Inteligência Emocional como
fator de sucesso vale para todos os envolvidos. Afinal, empresas são
constituídas por pessoas, e o melhor que todos podem fazer é aprenderem
sobre o que significa ser emocionalmente inteligente e usufruir
pessoalmente de seus resultados.
- por Dalton Cortucci
www.administradores.com.br
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