segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Indústria Petroquímica priorizará investimentos regionais

Depois de passar pela etapa de integração no mercado nacional, no ano que vem a petroquímica brasileira deverá focar seus investimentos no cenário regional. "O setor está com o olhar voltado para as Américas", aponta o diretor da MaxiQuim Assessoria de Mercado João Luiz Zuñeda.


Conforme o analista, um dos fatores que proporcionou essa tendência foi a crise financeira que assolou alguns países europeus. Com isso, o objetivo das empresas brasileiras será garantir rentabilidade nos mercados locais e exportar excedentes. Haverá pouco espaço para companhias que não sejam líderes regionais e que tenham dificuldade de acesso a capital com custo competitivo. Nesse sentido, entre os grupos que devem se destacar quanto a investimentos no País e em demais nações das Américas, Zuñeda cita Petrobras, Unigel e Braskem. A estratégia de crescimento e internacionalização dessa última companhia, por exemplo, contempla novos projetos baseados em matéria-prima competitiva, com ênfase para o México, onde a Braskem está investindo US$ 2,5 bilhões em parceria com o grupo mexicano Idesa para produzir 1 milhão de toneladas de polietileno.


No ambiente interno, o diretor da MaxiQuim adverte que, se o Brasil não fizer grandes investimentos na indústria petroquímica, provavelmente o segmento registrará déficit na balança comercial em meados dessa década. O maior desses projetos será o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), previsto para entrar em operação em 2014. O Comperj será formado por uma refinaria e unidades geradoras de produtos petroquímicos de primeira geração, como propeno, butadieno, benzeno, entre outros, e com uma capacidade de eteno da ordem de 1,3 milhão de toneladas ao ano. Haverá também um conjunto de unidades de segunda geração petroquímica com produção de estireno, etileno-glicol, polietileno e polipropileno, entre outros.

Antes desse empreendimento, ainda em 2012, deverá ser conhecido o lugar em que a Braskem implantará sua unidade de polipropileno verde (fabricado a partir do etanol da cana-de-açúcar). A operação da estrutura está prevista para o segundo semestre de 2013 e a expectativa de investimento é de aproximadamente US$ 100 milhões, para uma capacidade mínima de produção de 30 mil toneladas por ano. Para Zuñeda, o Rio Grande do Sul é um dos estados favoritos para receber a planta. "A onda da química renovável veio para ficar", salienta. Além do etanol, ele comenta que outras matérias-primas alternativas aos insumos fósseis, como o óleo de mamona, deverão ser aproveitadas pela cadeia petroquímica futuramente. Quanto a preços de resinas, ele projeta que a volatilidade continuará, pelo menos durante o primeiro semestre do próximo ano, que deverá verificar ainda um custo elevado do petróleo.


Já o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas de Triunfo (Sindipolo), Carlos Eitor Rodrigues, ressalta a preocupação quanto ao aumento do volume de resinas importadas. Ele estima que cerca de 30% do produto consumido hoje no Brasil é procedente de outras nações. O presidente do Sindipolo acredita que a concentração do setor e a elevação dos preços da produção nacional são algumas das causas para essa situação. Rodrigues também indica que a perspectiva é de que investimentos regionais sejam intensificados.

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=82424

Nenhum comentário:

Postar um comentário